1) Para que não
haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido
pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos
principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer
leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as
divergências dos indivíduos.
Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo
que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes
concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do Espírito das Leis. São
Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).
A divisão e a independência entre os poderes são condições
necessárias para que possa haver liberdade em um Estudo. Isso
pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja
a) exercício de
tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
b) consagração
do poder político pela autoridade religiosa.
c) concentração
do poder nas mãos de elites técnico-científicas.
d)
estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo.
e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de
um governo eleito.
2) Nasce daqui
uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se
que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito
mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque
dos homens que se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores,
covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus,
oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o
perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Rio de Janeiro:
Bertrand, 1991.
A partir da análise histórica do comportamento humano em
suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser
a) munido de virtude,
com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.
b) possuidor de
fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
c) guiado por
interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
d) naturalmente
racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.
e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus
pares.
3) A felicidade
é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses
atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das
coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é
ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes
atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia.
Das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes
atributos, Aristóteles a identifica como
a) busca por
bens materiais e títulos de nobreza.
b) plenitude
espiritual e ascese pessoal.
c) finalidade
das ações e condutas humanas.
d) conhecimento
de verdades imutáveis e perfeitas.
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público.
4) Na produção
social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações
indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção
correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais
de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da
sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política
e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social.
MARX, K. Prefácio à Crítica da economia
política. In: MARX, K.; ENGELS, F.
Textos 3. São Paulo: Edições
Sociais, 1977 (adaptado).
Para o autor, a relação entre economia e política
estabelecida no sistema capitalista faz com que
a) o
proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.
b) o trabalho
se constitua como o fundamento real da produção material.
c) a
consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.
d) a autonomia
da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.
e) a burguesia revolucione o processo social de formação da
consciência de classe.
5) TEXTO I
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus
primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que
aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser
senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em
minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e
começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável.
DESCARTES, R. Meditações concernentes à
Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
TEXTO II
É o caráter radical do que se procura que exige a
radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela
dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma
gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram
anteriormente varridas por essa mesma dúvida.
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da
modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que,
para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se
a) retomar o
método da tradição para edificar a ciência com legitimidade.
b) questionar
de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções.
c) investigar
os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos.
d) buscar uma
via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados.
e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser
questionados.
6) Até hoje
admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas
as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso
conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto.
Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão
melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular
pelo nosso conhecimento.
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa:
Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).
O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido
como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições
filosóficas que
a) assumem
pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.
b) defendem que
o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.
c) revelam a
relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão
filosófica.
d) apostam, no
que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos
objetos.
e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e
são ambas recusadas por Kant.
7] Os produtos
e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa
meta foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa
de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida
em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo
Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”,
mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida,
física e culturalmente.
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico:
três enfoques. Scientiae Studia,
São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado).
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e
Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que
almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a
investigação científica consiste em
a) expor a
essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda
existentes.
b) oferecer a
última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi
da filosofia.
c) ser a
expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o
progresso.
d) explicitar
as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos
éticos e religiosos.
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor
limites aos debates acadêmicos.
GABARITO:
1) - d
2) - c
3) - c
4) - b
5) - b
6) - a
7) - c
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