01] (UFU 2006)
“Tudo o que se move é movido por outro ser. Por sua vez, este outro ser, para que se mova, necessita também que seja movido por outro ser. E assim sucessivamente. Se não houver um primeiro ser movente, cairíamos num processo infinito, o que é absurdo. Logo, é preciso que haja um primeiro ser movente que não seja movido por nenhum outro. Esse ser é Deus”.
“Tudo o que se move é movido por outro ser. Por sua vez, este outro ser, para que se mova, necessita também que seja movido por outro ser. E assim sucessivamente. Se não houver um primeiro ser movente, cairíamos num processo infinito, o que é absurdo. Logo, é preciso que haja um primeiro ser movente que não seja movido por nenhum outro. Esse ser é Deus”.
Tomás de Aquino. Suma de Teologia. Citado por: COTRIM, Gilberto.
Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 1996. p. 135.
O texto acima apresenta uma
das cinco “provas” da existência de Deus chamada por alguns de argumento do
Primeiro Motor Imóvel, proposta por Tomás de Aquino. A propósito desse tema,
responda o que é pedido nos itens a seguir.
A) Comente a influência de
Aristóteles na elaboração do argumento dessa prova.
R: O argumento Primeiro Motor
imóvel tem na metafísica aristotélica o seu fundamento filosófico. Isso porque,
segundo o filósofo grego, para que haja movimento, é necessário que haja uma
causa eficiente e, no limite, uma primeira causa um primeiro motor que move sem
ser movido. Tomás de Aquino apreende essa idéia afirmando que esse primeiro
motor é Deus.
B) Cite e exponha uma das
outras quatro “provas” desenvolvidas por Tomás de Aquino.
R: Tomás de Aquino
apresenta ainda quatro outras provas da existência de Deus.
1. Causa primeira: Todo
efeito possui uma causa eficiente. Logo, deve haver uma causa primeira para as
coisas e esta é Deus.
2. Ser necessário: Todos os
seres são contingentes, ou seja, todos deixarão de existir. Para que o mundo
não deixe de existir é necessário que ao menos um ser seja necessário para
garantir a existência dos outros. Esse ser é Deus.
3. Ser perfeito: há graus
de perfeição em todos os seres. Sendo isso uma graduação, deve haver um nível
máximo de perfeição, e este está em Deus.
4. Inteligência ordenadora:
como toda ordem advém de uma inteligência, deve haver uma inteligência última
que ordenou todo o universo. Esta é Deus.
02] (UFU 2001)
“Todas as coisas brutas, que não possuem inteligência própria, existem na natureza cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade, semelhante à flecha dirigida pelo arqueiro. Devemos admitir, então, que existe algum ser inteligente, que dirige todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo. Este ser é Deus.”
“Todas as coisas brutas, que não possuem inteligência própria, existem na natureza cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade, semelhante à flecha dirigida pelo arqueiro. Devemos admitir, então, que existe algum ser inteligente, que dirige todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo. Este ser é Deus.”
Tomás de Aquino. Compêndio
de Teologia.São Paulo:
Abril Cultural, 1973.
Coleção “Os Pensadores”.
O texto acima é a quinta
prova da existência de Deus elaborada por Tomás de Aquino. Explique o argumento
da prova, considerando a ordenação do ser criado, segundo o princípio da
finalidade divina.
R: O princípio da
finalidade divina considera que todo o ser tem uma finalidade, que não pode ser
arbitrária. Essa finalidade é dada por um ser sumamente potente e inteligente,
que dirige todas as coisas segundo seu fim específico. Esse ser dirigente é
Deus.
03] (UFU 2001)
“Creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio também entendo. Tudo o que compreendo conheço, mas nem tudo que creio conheço.”
“Creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio também entendo. Tudo o que compreendo conheço, mas nem tudo que creio conheço.”
Agostinho. De Magistro. São
Paulo: Abril Cultural,
19733 p. 319. Coleção “Os
Pensadores”.
A citação de Agostinho
refere-se à relação entre fé e razão. Explique como este filósofo concebe esta
relação.
R: A citação de Agostinho
demonstra como, para ele, a fé é superior à razão. Ele afirma que se pode crer
em algo sem entender. Isso acontece uma vez que se pode crer nas verdades da fé
sem as compreender. Entretanto, o inverso não é possível. Algo compreensível é
algo necessariamente crível (é por isso que ele afirma “creio tudo que entendo”),
e é por isso que a razão se submete à fé.
04] (UFU 2000)
“Se é verdade que a verdade da fé cristã ultrapassa as capacidades da razão humana, nem por isso os princípios inatos naturalmente à razão podem estar em contradição com esta verdade sobrenatural.”
“Se é verdade que a verdade da fé cristã ultrapassa as capacidades da razão humana, nem por isso os princípios inatos naturalmente à razão podem estar em contradição com esta verdade sobrenatural.”
Tomás de Aquino, Suma
contra os Gentios,
São Paulo: Abril Cultural,
1973. P. 70
Com base no texto acima,
explique como Tomás de Aquino harmoniza as verdades da fé com as verdades da
razão natural.
R: Segundo Tomás de Aquino,
a razão e a fé não se contrapõem porque ambas provém da mesma verdade eterna,
que é Deus. A razão, por esta perspectiva, deve estar submetida à fé, pois não
é capaz de compreender todas as suas verdades (como a verdade de que Deus é uno
e trino). Nesse sentido, existe uma razão natural do homem capaz de conhecer,
mas não de conhecer tudo. Assim, a revelação também pode aperfeiçoar a razão
natural.
05] (UFU 1998)
“A criação das coisas por parte de Deus é a melhor, pois é próprio de que quem é o Melhor fazer tudo da melhor maneira. Ora, é melhor fazer uma coisa em vista de um fim do que fazê-la sem visar a uma finalidade. Por conseguinte, Deus fez as coisas com vistas a uma meta”.
“A criação das coisas por parte de Deus é a melhor, pois é próprio de que quem é o Melhor fazer tudo da melhor maneira. Ora, é melhor fazer uma coisa em vista de um fim do que fazê-la sem visar a uma finalidade. Por conseguinte, Deus fez as coisas com vistas a uma meta”.
Tomás de Aquino – Compêndio
de Teologia – Coleção “Os Pensadores”
Esse argumento da
finalidade das coisas é freqüente no pensamento de Tomás de Aquino. Explique
como Tomás de Aquino utiliza-o para provar a existência divina.
R: Podemos dizer, muito
basicamente, que duas concepções aristotélicas estão envolvidas nesta argumentação
de Santo Tomás de Aquino. A primeira é uma concepção lógica sobre o estilo de
argumentação, isto é, o uso de um silogismo. A segunda é uma concepção
ontológica sobre a ordenação do ser, isto é, a referência à causalidade, mais
especificamente, à causa final.
No silogismo realizado por
Santo Tomás de Aquino temos:
Primeira premissa: Deus
cria apenas as melhores coisas,
Segunda premissa: As
melhores coisas são melhores apenas se visarem um fim,
Conclusão: Deus cria apenas
coisas que visam um fim.
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