“O essencial é invisível aos olhos” diz a raposa ao principezinho, e é com essa citação do livro “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry que inicio essa postagem.
Dessa vez não irei falar sobre filosofia especificamente e sim sobre teatro. Embora eu não sendo um grande entendedor da arte cênica ou algo parecido, contudo, sou um assíduo apreciador daquilo que faz tocar o invisível que há dentro de cada um de nós e é exatamente sobre isso que irei falar.
O teatro, assim como a filosofia, tem o seu berço na Grécia antiga. Será só mera coincidência? E é em meio às procissões e aos rituais que surge o teatro. Se a filosofia encerra em si todos os saberes, como nos ensina os grandes filósofos, porque não ousar e dizer que o teatro encerra em si todas as artes?
Essa concepção de teatro veio até a mim nesta última quarta-feira, quando chegou ao fim uma jornada de quase uma semana: conseguir assistir o “R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida”, peça teatral que me foi indicada pelo professor e diretor de teatro Abílio Ramos.
No filme “A Sociedade dos Poetas Mortos”, quando os alunos se reuniam na gruta para lerem poesias, deuses eram criados. E em “R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida”, quando quatro talentosos rapazes se reúnem no palco para lerem o célebre texto de Romeu e Julieta de William Shakespeare, é encenado diante de nossos olhos atentos e admirados uma das mais emocionantes e comoventes histórias de amor.
"Eu tive um sonho essa noite: Romeu e Julieta de William Shakespeare"
“R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida” é a prova de que o teatro encerra em si todas as artes, pois num misto de poesia, leitura, música, expressão, cenário e interpretação, a mágica do teatro acontece diante de nós, platéia desejosa por ver a magia acontecer, onde homens, atores, personagens, emoções e sentimentos se fazem unidade para levar cada um de nós para dentro dessa história de amor e para também fazer ser tocado esse invisível essencial que há dentro de cada um de nós: o amor.
A magia do teatro acontece quando a harmonia é perfeita, a entrega é total e o desprendimento é real. A magia acontece quando se pode acreditar realmente naquilo que está diante de nossos olhos. E o mais impressionante de tudo isso é que é na nossa frente que tudo isso acontece.
“R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida” conta com um elenco muito talentoso. Tendo como ponto de partida uma escola tradicional, os atores Pablo Sanábio, Rodrigo Pandolfo, João Gabriel Vasconecellos e Felipe Lima se revezam na leitura de Romeu e Julieta de William Shakespeare e voilá, começa a transformação bem diante de nossos olhos. Os atores deixam de existir para dar lugar às personagens. Utilizando-se somente de utensílios de escola e sem troca de figurino, estes quatro talentosos atores nos fazem acreditar que uma régua de madeira é uma espada, que um transferidor e um esquadro são máscaras de um baile de máscara, que o casaco do uniforme da escola amarrado na cintura é uma saia, que as folhas de papel ofício branco no chão são as paredes de um quarto e que um desenho feito por um giz no palco é uma igreja. Mas, se você pensa que isso é o mais impressionante, você está enganado, pois isso não é tudo, o mais bonito e belo e que realmente muito nos emociona é ver, de verdade, Romeu e Julieta bem na nossa frente. Em “R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida” não há espaço para preconceitos e reservas para se jogar na personagem, e, para provar isso, João Gabriel Vasconcellos no papel de Romeu não se intimida em dar verdadeiros beijos em sua amada Julieta, papel interpretado por Rodrigo Pandolfo. Outro papel de grande destaque é o de Pablo Sanábio que parece se divertir ao interpretar a ama de Julieta, é bonito de se ver a rapidez com que ele troca de personagem bem na nossa frente e, num piscar de olhos, Pablo se transforma num padre. Felipe Lima, com grande desenvoltura, assume também muito bem às personagens que a ele compete encenar. E repito e não me canso de dizer: tudo isso acontece diante de nossos olhos, bem na nossa frente. E isso é o mais gostoso de ver.
Com direção de João Fonseca e texto de Joe Calarco, “R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida” é uma releitura contemporânea de Romeu e Julieta e que é encenada por quatro rapazes. “R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida” é uma peça gostosa de assistir. Durante o espetáculo você vivencia todo o drama vivido por esse famoso e apaixonante casal e, mesmo já sabido, é comovente assistir o final dessa trama. Não é difícil os olhos se encherem de lágrimas e se derramar ao ver a morte de Romeu e Julieta.
Aplaudido de pé e por longos minutos, “R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida” é uma ótima peça para se assistir. Recomendado por mim e por renomados críticos de teatro, vocês não podem deixar de assistir.
Agradecimento especial ao ator Pablo Sanábio (integrante do elenco) pela atenção e pelo convite para assistir ao espetáculo. Agradeço também aos amigos e atores Patrick Orrani e Nina Malm pela companhia e por ter trilhado comigo essa jornada para assistir ao espetáculo e, por fim, ao meu diretor e professor de teatro Abílio Ramos pela indicação da peça.
Muita Merda e Força Sempre.
Tiago Machado
Eu amo essa peça e concordo: os atores são maravilhosos e fazem a magia acontecer na nossa frente!4 atores mto bem selecionados!
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