sexta-feira, 4 de abril de 2025

Questões de Filosofia - Enem 2018

Enem 2018 - Questão 47 (caderno amarelo)

O século XVIII é, por diversas razões, um século diferenciado. Razão e experimentação se aliavam no que se acreditava ser o verdadeiro caminho para o estabelecimento do conhecimento científico, por tanto tempo almejado. O fato, a análise e a indução passavam a ser parceiros fundamentais da razão. É ainda no século XVIII que o homem começa a tomar consciência de sua situação na história.

ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY, C. B. História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2003.


No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão filosófica mencionada no texto tinha como uma de suas características a


A) aproximação entre inovação e saberes antigos.

B) conciliação entre revelação e metafísica platônica.

C) vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa.

D) separação entre teologia e fundamentalismo religioso.

E) contraposição entre clericalismo e liberdade de pensamento.



Enem 2018 - Questão 52 (caderno amarelo)

A quem não basta pouco, nada basta.

EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985.


Remanescente do período helenístico, a máxima apresentada valoriza a seguinte virtude:


A) Esperança, tida como confiança no porvir.

B) Justiça, interpretada como retidão de caráter.

C) Temperança, marcada pelo domínio da vontade.

D) Coragem, definida como fortitude na dificuldade.

E) Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão.



Enem 2018 - Questão 54 (caderno amarelo)

TEXTO I


As fronteiras, ao mesmo tempo que se separam, unem e articulam, por elas passando discursos de legitimação da ordem social tanto quanto do conflito.

CUNHA, L. Terras lusitanas e gentes dos brasis: a nação e o seu retrato literário. Revista Ciências Sociais, n. 2, 2009.


TEXTO II


As últimas barreiras ao livre movimento do dinheiro e das mercadorias e informação que rendem dinheiro andam de mãos dadas com a pressão para cavar novos fossos e erigir novas muralhas que barrem o movimento daqueles que em consequência perdem, física ou espiritualmente, suas raízes. 

BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.


A ressignificação contemporânea da ideia de fronteira compreende a


A) liberação da circulação de pessoas.

B) preponderância dos limites naturais.

C) supressão dos obstáculos aduaneiros.

D) desvalorização da noção de nacionalismo.

E) seletividade dos mecanismos segregadores. 



Enem 2018 - Questão 56 (caderno amarelo)

Não é verdade que estão ainda cheios de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo movimento, uma vontade nova para dar o ser a criaturas que nunca antes criara, como pode haver verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade que antes não existia?” 

AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984.


A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s)


A) essência da ética cristã.

B) natureza universal da tradição.

C) certezas inabaláveis da experiência.

D) abrangência da compreensão humana.

E) interpretações da realidade circundante.



Enem 2018 - Questão 59 (caderno amarelo)

A tribo não possui um rei, mas um chefe que não é chefe de Estado. O que significa isso? Simplesmente que o chefe não dispõe de nenhuma autoridade, de nenhum poder de coerção, de nenhum meio de dar uma ordem. O chefe não é um comandante, as pessoas da tribo não têm nenhum dever de obediência. O espaço da chefia não é o lugar do poder. Essencialmente encarregado de eliminar conflitos que podem surgir entre indivíduos, famílias e linhagens, o chefe só dispõe, para restabelecer a ordem e a concórdia, do prestígio que lhe reconhece a sociedade. Mas evidentemente prestígio não significa poder, e os meios que o chefe detém para realizar sua tarefa de pacificador limitam-se ao uso exclusivo da palavra.

CLASTRES, P. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982 (adaptado).


O modelo político das sociedades discutidas no texto contrasta com o do Estado liberal burguês porque se baseia em:


A) Imposição ideológica e normas hierárquicas.

B) Determinação divina e soberania monárquica.

C) Intervenção consensual e autonomia comunitária.

D) Mediação jurídica e regras contratualistas.

E) Gestão coletiva e obrigações tributárias.



Enem 2018 - Questão 60 (caderno amarelo)

O filósofo reconhece-se pela posse inseparável do gosto da evidência e do sentido da ambiguidade. Quando se limita a suportar a ambiguidade, esta se chama equívoco. Sempre aconteceu que, mesmo aqueles que pretenderam construir uma filosofia absolutamente positiva, só conseguiram ser filósofos na medida em que, simultaneamente, se recusaram o direito de se instalar no saber absoluto. O que caracteriza o filósofo é o movimento que leva incessantemente do saber à ignorância, da ignorância ao saber, e um certo repouso neste movimento.

MERLEAU-PONTY, M. Elogio da filosofia. Lisboa: Guimarães, 1998 (adaptado).


O texto apresenta um entendimento acerca dos elementos constitutivos da atividade do filósofo, que se caracteriza por


A) reunir os antagonismos das opiniões ao método dialético.

B) ajustar a clareza do conhecimento ao inatismo das ideias.

C) associar a certeza do intelecto à imutabilidade da verdade.

D) conciliar o rigor da investigação à inquietude do questionamento.

E) compatibilizar as estruturas do pensamento aos princípios fundamentais.



Enem 2018 - Questão 66 (caderno amarelo)

Desde que tenhamos compreendido o significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato, que Deus existe. Com efeito, essa palavra designa uma coisa de tal ordem que não podemos conceber nada que lhe seja maior. Ora, o que existe na realidade e no pensamento é maior do que o que existe apenas no pensamento. Donde se segue que o objeto designado pela palavra “Deus”, que existe no pensamento, desde que se entenda essa palavra, também existe na realidade. Por conseguinte, a existência de Deus é evidente.

TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Rio de Janeiro: Loyola, 2002.


O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de Aquino caracterizada por


A) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos.

B) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.

C) explicar as virtudes teologais pela demonstração.

D) flexibilizar a interpretação oficial dos textos sagrados.

E) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas. 



Enem 2018 - Questão 67 (caderno amarelo)

TEXTO I


Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e invenção.

HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.


TEXTO II


Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem seja naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que, sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado de nossa conservação é menos prejudicial à dos outros, esse estado era, por conseguinte, o mais próprio à paz e o mais conveniente ao gênero humano.

ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993 (adaptado).


Os trechos apresentam divergências conceituais entre autores que sustentam um entendimento segundo o qual a igualdade entre os homens se dá em razão de uma


A) predisposição ao conhecimento.

B) submissão ao transcendente.

C) tradição epistemológica.

D) condição original.

E) vocação política.



Enem 2018 - Questão 74 (caderno amarelo)

No início da década de 1990, dois biólogos importantes, Redford e Robinson, produziram um modelo largamente aceito de “produção sustentável” que previa quantos indivíduos de cada espécie poderiam ser caçados de forma sustentável baseado nas suas taxas de reprodução. Os seringueiros do Alto Juruá tinham um modelo diferente: a quem lhes afirmava que estavam caçando acima do sustentável (dentro do modelo), eles diziam que não, que o nível da caça dependia da existência de áreas de refúgio em que ninguém caçava. Ora, esse acabou sendo o modelo batizado de “fonte-ralo” proposto dez anos após o primeiro por Novaro, Bodmer e o próprio Redford e que suplantou o modelo anterior.

CUNHA, M. C. Revista USP, n. 75, set.-nov. 2007.


No contexto da produção científica, a necessidade de reconstrução desse modelo, conforme exposto no texto, foi determinada pelo confronto com um(a)


A) conclusão operacional obtida por lógica dedutiva.

B) visão de mundo marcada por preconceitos morais.

C) hábito social condicionado pela religiosidade popular.

D) conhecimento empírico apropriado pelo senso comum.

E) padrão de preservação construído por experimentação dirigida.



Enem 2018 - Questão 75 (caderno amarelo)

Um dos teóricos da democracia moderna, Hans Kelsen, considera elemento essencial da democracia real (não da democracia ideal, que não existe em lugar algum) o método da seleção dos líderes, ou seja, a eleição. Exemplar, neste sentido, é a afirmação de um juiz da Corte Suprema dos Estados Unidos, por ocasião de uma eleição de 1902: “A cabine eleitoral é o templo das instituições americanas, onde cada um de nós é um sacerdote, ao qual é confiada a guarda da arca da aliança e cada um oficia do seu próprio altar”.

BOBBIO, N. Teoria geral da política. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000 (adaptado).


As metáforas utilizadas no texto referem-se a uma concepção de democracia fundamentada no(a)


A) justificação teísta do direito.

B) rigidez da hierarquia de classe.

C) ênfase formalista na administração.

D) protagonismo do Executivo no poder.

E) centralidade do indivíduo na sociedade. 



Enem 2018 - Questão 79 (caderno amarelo)


Tônico para a saúde da mulher. Disponível em: www.propagandashistoricas.com.br. Acesso em: 28 nov. 2017.


O anúncio publicitário da década de 1940 reforça os seguintes estereótipos atribuídos historicamente a uma suposta natureza feminina:


A) Pudor inato e instinto maternal.

B) Fragilidade física e necessidade de aceitação.

C) Isolamento social e procura de autoconhecimento.

D) Dependência econômica e desejo de ostentação.

E) Mentalidade fútil e conduta hedonista.



Enem 2018 - Questão 85 (caderno amarelo)

A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social acarretou, no modo de definir toda realização humana, uma evidente degradação do ser para o ter. A fase atual, em que a vida social está totalmente tomada pelos resultados da economia, leva a um deslizamento generalizado do ter para o parecer, do qual todo ter efetivo deve extrair seu prestígio imediato e sua função última. Ao mesmo tempo, toda realidade individual tornou-se social, diretamente dependente da força social, moldada por ela.

DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015.


Uma manifestação contemporânea do fenômeno descrito no texto é o(a)


A) valorização dos conhecimentos acumulados.

B) exposição nos meios de comunicação.

C) aprofundamento da vivência espiritual.

D) fortalecimento das relações interpessoais.

E) reconhecimento na esfera artística.


GABARITO:

47 - E
52 - C
54 - E
56 - D
59 - C
60 - D

66 - B
67 - D
74 - D
75 - E
79 - B
85 - B

segunda-feira, 31 de março de 2025

Questões de Filosofia - Enem 2023

Enem 2023 - Questão 47 (caderno amarelo)

Não tinha outra filosofia. Nem eu. Não digo que a Universidade me não tivesse ensinado alguma; mas eu decorei-lhe só as fórmulas, o vocabulário, o esqueleto. Tratei-a como tratei o latim; embolsei três versos de Virgílio, dois de Horácio, uma dúzia de locuções morais e políticas, para as despesas da conversação. Tratei-os como tratei a história e a jurisprudência. Colhi de todas as cousas a fraseologia, a casca, a ornamentação.

ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.


A descrição crítica do personagem de Machado de Assis assemelha-se às características dos sofistas, contestados pelos filósofos gregos da Antiguidade, porque se mostra alinhada à


A) elaboração conceitual de entendimentos.

B) utilização persuasiva do discurso.

C) narração alegórica dos rapsodos.

D) investigação empírica da physis.

E) expressão pictográfica da pólis.



Enem 2023 - Questão 59 (caderno amarelo)

A economia das ilegalidades se reestruturou com o desenvolvimento da sociedade capitalista. A ilegalidade dos bens foi separada da ilegalidade dos direitos. Divisão que corresponde a uma oposição de classes, pois, de um lado, a ilegalidade mais acessível às classes populares será a dos bens — transferência violenta das propriedades; de outro, à burguesia, então, se reservará a ilegalidade dos direitos: a possibilidade de desviar seus próprios regulamentos e suas próprias leis; e essa grande redistribuição das ilegalidades se traduzirá até por uma especialização dos circuitos judiciários; para as ilegalidades de bens — para o roubo — os tribunais ordinários e os castigos; para as ilegalidades de direitos — fraudes, evasões fiscais, operações comerciais irregulares — jurisdições especiais com transações, acomodações, multas atenuadas etc.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1987.


O texto apresenta uma relação de cálculo político-econômico que caracteriza o poder punitivo por meio da


A) gestão das ilicitudes pelo sistema judicial.

B) aplicação das sanções pelo modelo equânime.

C) supressão dos crimes pela penalização severa.

D) regulamentação dos privilégios pela justiça social.

E) repartição de vantagens pela hierarquização cultural.



Enem 2023 - Questão 67 (caderno amarelo)

Havia já muito tempo que a Europa desfrutava os benefícios da vacina e arrancava à morte milhares de inocentes, condenados a serem vítimas do terrível flagelo das bexigas, e o governo de Portugal nunca se lembrara de transmitir ao Brasil a mais útil das descobertas humanas, quando aliás nenhum país mais do que ele carecia deste salutar invento ou se atendesse às vantagens da população ou ao perdimento de imensas somas na mortandade contínua de escravos, que este flagelo devorava. O certo é que mais ocupado de seu ouro que de seus habitantes, Portugal, como em outros muitos casos, esperou que o Brasil por seu próprio impulso remediasse a este mal.

PEREIRA, J. C. 12 jan. 1828 apud LOPES, M. B.; POLITO, R. Para uma história da vacina no Brasil: um manuscrito inédito de Norberto e Macedo. História, Ciências, Saúde — Manguinhos, n. 2, abr.-jun. 2007 (adaptado).


Escrito em 1828, o texto expressa a seguinte ideia de origem iluminista:


A) As leis observáveis regem o mundo material.

B) O monarca racional promove a sociedade justa.

C) O direito natural justifica a liberdade dos homens.

D) A produção da terra garante a riqueza das nações.

E) A responsabilidade dos governantes assegura a saúde dos povos.



Enem 2023 - Questão 69 (caderno amarelo)

TEXTO I


Gerineldo dorme porque já está conformado com o seu mundo. Porque já sabe tudo o que lhe pode acontecer após haver submetido todos os objetos que o rodeiam a um minucioso inventário de possibilidades. Seu apartamento, mais que um apartamento, é uma teoria de sorte e de azar. Melhor que ninguém, Gerineldo conhece o coeficiente da dilatação de suas janelas e mantém marcado no termômetro, com uma linha vermelha, o ponto em que se quebrarão os vidros, despedaçados em estilhaços de morte. Sabe que os arquitetos e os engenheiros já previram tudo, menos o que nunca já aconteceu.

MÁRQUEZ, G. G. O pessimista. In: Textos do Caribe. Rio de Janeiro: Record, 1981. 


TEXTO II


A situação é o sujeito inteiro (ele não é nada a não ser a sua situação) e é também a coisa inteira (nunca há mais nada senão as coisas). É o sujeito a elucidar as coisas pela sua própria superação, se assim quisermos; ou são as coisas a reenviar ao sujeito a imagem dele. É a total facticidade, a contingência absoluta do mundo, do meu nascimento, do meu lugar, do meu passado, dos meus redores — e é a minha liberdade sem limites que faz com que haja para mim uma facticidade. 

SARTRE, J.-P. O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica. Petrópolis: Vozes, 1997 (adaptado).


A postura determinista adotada pelo personagem Gerineldo contrasta com a ideia existencialista contida no pensamento filosófico de Sartre porque


A) evidencia a manifestação do inconsciente.

B) nega a possibilidade de transcendência.

C) contraria o conhecimento difuso.

D) sustenta a fugacidade da vida.

E) refuta a evolução biológica.



Enem 2023 - Questão 73 (caderno amarelo)

TEXTO I

Como presença consciente no mundo não posso escapar à responsabilidade ética no meu mover-me no mundo. Se sou puro produto da determinação genética ou cultural ou de classe, sou irresponsável pelo que faço no meu mover-me no mundo e, se careço de responsabilidade, não posso falar em ética.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.


TEXTO II

Paulo Freire construiu uma pedagogia da esperança. Na sua concepção, a história não é algo pronto e acabado. As estruturas de opressão e as desigualdades, apesar de serem naturalizadas, são sócio e historicamente construídas. Daí a importância de os educandos tomarem consciência da sua realidade para, assim, transformá-la.

DEMARCHI, J. L. Paulo Freire. Disponível em: https://diplomatique.org.br. Acesso em: 6 out. 2021 (adaptado).


Com base no conceito de ética pedagógica presente nos textos, os educandos tornam-se responsáveis pela


A) participação sociopolítica.

B) definição estético-cultural.

C) competição econômica local.

D) manutenção do sistema escolar.

E) capacitação de mobilidade individual.



Enem 2023 - Questão 75 (caderno amarelo)

Eu poderia concluir que a raiva é um pensamento, que estar com raiva é pensar que alguém é detestável, e que esse pensamento, como todos os outros — assim como Descartes o mostrou —, não poderia residir em nenhum fragmento de matéria. A raiva seria, portanto, espírito. Porém, quando me volto para minha própria experiência da raiva, devo confessar que ela não estava fora do meu corpo, mas inexplicavelmente nele.

MERLEAU-PONTY, M. Quinta conversa: o homem visto de fora. São Paulo: Martins Fontes, 1948 (adaptado).


No que se refere ao problema do corpo, a filosofia cartesiana apresenta-se como contraponto ao entendimento expresso no texto por


A) apresentar uma visão dualista.

B) confirmar uma tese naturalista.

C) demonstrar uma premissa realista.

D) sustentar um argumento idealista.

E) defender uma posição intencionalista.



Enem 2023 - Questão 76 (caderno amarelo)

A diversão é o prolongamento do trabalho sob o capitalismo tardio. Ela é procurada por quem quer escapar ao processo de trabalho mecanizado para se pôr de novo em condições de enfrentá-lo. Mas, ao mesmo tempo, a mecanização atingiu um tal poderio sobre a pessoa em seu lazer e sobre a sua felicidade, ela determina tão profundamente a fabricação das mercadorias destinadas à diversão que essa pessoa não pode mais perceber outra coisa senão as cópias que reproduzem o próprio processo de trabalho.

ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.


No texto, o tempo livre é concebido como


A) consumo de produtos culturais elaborados no mesmo sistema produtivo do capitalismo.

B) forma de realizar as diversas potencialidades da natureza humana.

C) alternativa para equilibrar tensões psicológicas do dia a dia.

D) promoção da satisfação de necessidades artificiais.

E) mecanismo de organização do ócio e do prazer.



Enem 2023 - Questão 77 (caderno amarelo)


LAERTE. Disponível em: www.laerte.art.br. Acesso em: 23 nov. 2021 (adaptado)


A charge ilustra um anseio presente na sociedade contemporânea, que se caracteriza pela


A)  situação de revolta individual.

B) satisfação de desejos pessoais.

C) participação em ações decisórias.

D) permanência em passividade social.

E) conivência em interesses partidários.



Enem 2023 - Questão 78 (caderno amarelo)

Quem se mete pelo caminho do pedido de perdão deve estar pronto a escutar uma palavra de recusa. Entrar na atmosfera do perdão é aceitar medir-se com a possibilidade sempre aberta do imperdoável. Perdão pedido não é perdão a que se tem direito [devido]. É com o preço destas reservas que a grandeza do perdão se manifesta.

RICOEUR, P. O perdão pode curar. Disponível em: www.lusosofia.net. Acesso em: 14 out. 2019.


A reflexão sobre o perdão apresentada no texto encontra fundamento na(s)


A) rejeição particular amparada pelo desejo de poder.

B) decisão subjetiva determinada pela vontade divina.

C) liberdade mitigada pela predestinação do espírito.

D) escolhas humanas definidas pelo conhecimento empírico.

E) relações interpessoais mediadas pela autonomia dos indivíduos.



GABARITO:

47 - B
59 - A
67 - E
69 - B
73 - A
75 - A
76 - A
77 - C
78 - E