terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Filosofia, uma introdução.

        Dois filósofos gregos, Platão e Aristóteles, indicaram com exatidão a experiência que, segundo eles, dá origem ao pensar filosófico. É aquilo que os gregos chamaram “thauma” (espanto, perplexidade, admiração).
        A filosofia começa, então, quando algo desperta nossa admiração (que é isso? por que é assim? como é possível que seja assim?), interroga-nos insistentemente, exige uma explicação.
        A filosofia grega parece ter surgido quando, por uma série de fatores complexos, as respostas dadas pelo mito e certas questões não satisfizeram mais a certas mentes particularmente exigente de um povo particularmente curioso e passível de se espantar – e as questões continuam assim: a exigir uma resposta que fosse além das convencionais.
        Os problemas filosóficos são aqueles relativos aos conceitos utilizados por nós, noções que geralmente passam desapercebidas, a respeito das quais não nos preocupamos, ideias que não analisamos.
        Portanto, o objeto da filosofia é o conceito, é a noção, é a ideia. Quer sejam conceitos, noções e ideias do nosso dia-a-dia, quer sejam parte de domínios específicos do conhecimento.
        O método da filosofia também não é semelhante ao método das ciências físicas ou das ciências humanas. O trabalho sobre os conceitos acontece por meio do diálogo, da polêmica, da discussão – seja com filósofos amigos, por meio de conversas pessoais ou de diálogos de artigos, seja com a obra textual de filósofos que não conhecemos pessoalmente.
        Portanto, o objeto da filosofia é o conceito e o seu método é o argumentativo.
        A filosofia tem como objetivo alcançar a verdade acerca das noções, dos conceitos e das idéias mais fundamentais. Mas a verdade não é, necessariamente, absoluta. A verdade é provisória. A verdade é a melhor resposta que se tem atualmente. Isso não faz a verdade ser relativa; a verdade é uma conseqüência necessária da melhor argumentação possível hoje.
        Por isso, é melhor estudar filosofia do que não estudar. Ter a certeza de chegar a uma verdade válida, ainda que provisória, é melhor do que não chegar à verdade e viver cheio de opiniões frágeis fundamentadas em preconceitos. Viver com uma verdade provisória, aberta à discussão, é melhor do que viver sem verdade alguma, achando que se tem todas as verdades do mundo.
        A filosofia não é, portanto, mera opinião. Não é, também, qualquer argumentação. É a busca pela melhor argumentação, é o contrário da opinião – isso quer dizer que o filósofo não é uma pessoa cheia de opiniões sobre tudo, mas uma pessoa que investiga ideias e noções, utilizando uma técnica (lógica e argumentativa) para estudá-las.
        Por esse motivo é importante o estudo da lógica e da técnica argumentativa. Você, aluno, deve saber utilizar os argumentos com propriedade na construção de ensaios sobre temas filosóficos. Afinal, a primeira função do estudo da filosofia é tornar os estudantes capazes de filosofar com alguma competência.
        A todos, força sempre.
        Até a próxima.

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