sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Pequeno Príncipe e a Filosofia

    Le Petit Prince, conhecido como "O Pequeno Príncipe" no Brasil, é um romance do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry (29 de junho de 1900, Lyon - 31 de julho de 1944, Mar Mediterrâneo), publicado em 1943 nos Estados Unidos. A princípio, aparentando ser um livro para crianças, tem um grande teor poético e filosófico. É o livro francês mais vendido no mundo. Também se trata da terceira obra literária mais traduzida no mundo, tendo sido publicado em 160 línguas ou dialetos.
    Qual o encanto que faz com que esse livro seja a terceira obra literária mais traduzida no mundo? Quais os mistérios que se encontram nas poucas páginas desse livro? Que mensagem O Pequeno Príncipe tem para nos deixar?
    Estas são perguntas das quais as respostas trazemos dentro do nosso peito apaixonado por este Principezinho, como é conhecido em Portugal. O texto encantador misturado com as aquarelas do autor fazem desse livro um caminho bonito a ser trilhado. Caminho a ser percorrido pela criança que há dentro de toda gente que hoje é grande. A poesia e a filosofia que este livro traz, faz com que o leitor embarque numa viagem de amor (philia). Partindo do minúsculo asteróide B612 e passeando por vários planetas até chegar à Terra, o Principezinho nos leva a refletir sobre a felicidade que se encontra na simplicidade da vida. E é através do seu memorável encontro com o aviador e com a raposa que o Pequeno Príncipe nos faz conhecer o amor por uma rosa e nos faz saber de um segredo: "Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos".
    Ao cativar e deixar-se ser cativado pelo Principezinho, você jamais poderá esquecer que "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".
    São mensagens como estas que dão a este livro esse teor poético e filosófico. Livro feito para a criança que habita dentro de cada adulto. Sem se esquecer que "a gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar".

O Pequeno Príncipe

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sentimentos de Política

    Segundo um dito popular, futebol, religião e política não se discutem. Talvez seja uma verdade, contudo, se não se discute, então se reflete. Um mês passado às eleições, senti vontade de escrever sobre política, assunto do qual resisto muito em discutir. Acho que tamanha resistência devém da profundidade e complexidade que este assunto deve ser abordado, pois, se assim não for, será como chover no molhado, ou seja, será apenas mais um comentário de política igual a muitos outros comentários sobre política.
    Em uma de minhas aulas eu perguntei aos alunos qual era o problema da política no Brasil. A grande maioria respondeu, sem hesitar e sem muito pensar, que o problema da política no Brasil era a corrupção. Não me espantei com a resposta deles, na verdade, esta era a resposta que eu esperava, pois eles disseram, acertadamente, aquilo que é o óbvio, disseram aquilo que todo mundo diz, aquilo que está na televisão, nos rádios, aquilo que está estampado nas capas de revistas e jornais. Contudo, eu os questionei a respeito do porque desta resposta tão superficial diante uma questão tão profunda e complexa. Eu disse que era preciso ir além, ir mais a fundo, transcender aquilo que é óbvio e aparente.




    Veja nas charges acima o quanto que é obvio o pensamento que se tem hoje a respeito da política, mas, será que sempre foi assim? Como era a política antigamente?
    É sabido que a política surge na Grécia e a sua origem está intimamente ligada à pólis grega (Cidade-Estado). Para os gregos política era... (tem continuidade)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Política e Deus

    Em períodos em que se comenta sobre uma certa indiferença com relação às coisas que se referem à divindade, é interessante ver o quanto a questão de Deus continua presente na vida do homem, na vida da sociedade.
    Não é difícil perceber o quanto que a nossa afirmação está correta, ainda mais quando se faz uma análise das eleições de 2010. A questão de Deus esteve tão presente nestas eleições de 2010 que se pode chegar ao ponto de dizer que foi esta questão o fator que mais deu dinamicidade à estas eleições.
    Ao longo da história e do pensamento filosófico, muitas concepções se foram criadas a respeito do homem. Aristóteles, filósofo grego, vai dizer que "o homem é um animal político" e Edmund Burke, orador, escritor e político irlandês, diz que "o homem é, por natureza, um animal religioso". De fato o homem traz dentro de si esse ser político e também religioso (e é interessanrte que assim seja). Contudo, o grande problema é que com o passar do tempo, tanto política quanto religioso, assim como muitos outros conceitos, já não trazem as mesmas concepções de quando foram criados.
    Hoje em dia, vê-se de uma forma cada vez mais nítida a superficialidade com a qual estas palavras estão sendo utilizadas e, por decorrência, a facilidade com que estes conceitos são deturpados. A deturpação é tão grande que se vê sem muito esforço os partidos políticos 'agariando' votos utilizando-se do discurso religioso em suas campanhas políticas.
    Diante tudo isso, algumas questões podem ser levantadas, questões das quais em um outro momento analisaremos com maior profundidade: Qual o verdadeiro sentido de ser religioso? O que é ser um animal político? O que é política? Até que ponto pode se misturar religiosidade com política? Como fica Deus com relação a tudo isso?
   


    A charge é um tipo de ilustração que tem como principal intuito satirizar, por meio da caricatura, um fato, acontecimento ou pessoa. A charge acima, tirada do blog um sábado qualquer, é uma resposta de Deus com relação à essa forçosa 'parceria': Deus e Política.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Indicação de Livro Didático

    Com a volta do ensino da filosofia nas escolas, começa a surgir nas livrarias uma série de sugestões e métodos para esse ensino. No entanto, diante a tamanha diversidade de publicações de filosofia que pretendem ser livros didáticos de filosofia, fica muito difícil encontrar um livro de filosofia que de fato seja didático e que atenda também à dinamicidade que é exigida no ensino desta disciplina, principlamente para os alunos do 2º segmento do Ensino Fundamental. Contudo, em meio a esta variedade de publicações, o livro "Temas de Filosofia" de Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, publicado pela editora Moderna, é um dos livros que atende a esta exigência.
    O livro "Temas de Filosofia" é composto, como o próprio nome do livro nos propõe, de temas filosóficos que, ao meu ver, é o melhor método para se filosofar com os alunos do Ensino Fundamental. Cada um dos capítulos propostos pelas autoras são apresentados em forma de textos que, na sua maioria, são de fácil compreensão e, principalmente, de textos que contém um bom embasamento filosófico, além de sugestões de exercícios, dicas para o desenvolvimento da temática e quadrinhos ilustrativos.
    Fica aqui então a minha dica de livro didático de filosofia para ser trabalhado com os alunos do 2º segmento do Ensino Fundamental.




    Nesta edição (3ª edição - 2005), as autoras alteraram a estrutura do livro, a fim de melhor contextualizar as discussões e torná-las mais dinâmicas e comprometidas com articulação entre a história da filosofia e crítica da cultura, nos capítulos das três unidades - A cultura, O conhecimento e Os valores. Pela clareza da exposição e rigor conceitual, esta obra tem sido adotada nas escolas, mas, por se tratar de leitura agradável, certamente atrai também o leitor comum, interessado na reflexão filosófica.

Café Filosófico e Literário

    O seguinte Café Filosófico e Literário aconteceu no Colégio e Curso Miguel Couto - Icaraí, Niterói / RJ.
    Esse evento teve por finalidade criar um momento para se conversar, partilhar e discutir sobre filosofia e literatura.
    Organizado pelos professores Tiago (de filosofia) e Carla (de literatura), esse evento contou com a presença dos seguintes convidados: Prof. Cléa Gois (mestra em filosofia e especialista em Sartre) e o escritor Gustavo Reiz (autor de livros infanto juvenis e escritor de novela da emissora Record).
     O evento contou com a participação e também organização dos alunos do 9º ano e dos alunos da 1ª e 2ª séries do Colégio e Curso Miguel Couto - Icaraí.
    Este Café aconteceu no dia 14 de Outubro de 2010 nas dependências do próprio Colégio.
    Tendo alcançado todos os objetivos propostos pelos organizadores, o 1º Café Filosófico e Literário foi um sucesso.
    Confira algumas fotos do evento:


professor Tiago, professora Cléa e professora Carla


professor Tiago, professora Cléa, escritor e autor Gustavo e professora Carla


professora Amanda, professora e coordenadora Milena, professora Carla,
escritor e autor Gustavo, professora Cléa e professor Tiago


escritor e autor Gustavo e professora Carla com alguns dos alunos

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Filme: A onda (indicado por um aluno)

    Durante uma de minhas aulas de filosofia no curso pré-vestibular da Catedral de Santo Antônio em Nova Iguaçu / RJ, ao falar sobre filmes que favorecem à reflexão filosófica, o aluno Eduardo comentou sobre o filme "A onda" e pediu para que eu o assistisse e que depois dissesse se este filme trazia ou não uma reflexão filosófica. Na aula seguinte então o aluno Eduardo me emprestou o filme. Depois de três semanas, que foi quando consegui assistí-lo, logo após de tê-lo assistido, eu fiquei impressionado com a forma com que o autor aborda a questão da formação de grupos, da adesão à ideologias e a intensidade que as pessoas inserem estas ideologias às suas vidas.
    "A Onda", portanto, tem um teor filosófico muito grande. É um filme forte e marcante que mostra a história de um professor no exercício de sua profissão e a reação dos alunos diante à uma proposta de aula apresentada por este professor. O filme relata o quanto a falta de discernimento e o excesso de vaidade é prejudicial e destrutivo, ao ponto de algo que a princípio parecia ser uma boa proposta ser transformado em algo ruim e trágico.
    "A Onda" é um filme muito intenso e que nos deixa muitos questionamentos.
    O que levou com que os alunos aderissem com tanta intensidade à proposta do professor?
    Quais os perigos que residem nas ideologias?
    Podemos fazer alguma ligação com algum fato histórico?
    Qual seria a melhor maneira para se reveter uma situação de caos?
    Que impressões este filme nos traz?
    O que este filme nos ensina?





















    Baseado em uma história real o filme "A Onda" mostra como é possível a criação de doutrinas ideológicas em sala de aula, não só no passado, mas atualmente.
    O filme que foi adaptado do ensaio The Third Wave (A Terceira Onda), do professor de História Ron Jones, no qual relata sua experiência numa escola da Califórnia (EUA), em 1967, na tentativa de explicar na prática como Hitler e o Partido Nazista chegaram ao poder na Alemanha.
    Tudo acontece em uma semana de aula onde o professor e seus alunos criam o movimento A Onda, tudo a partir de normas de conduta, espírito coletivo, disciplina e a busca de um bem maior.
    O filme mostra a vida pessoal de alguns alunos, deixando claro que dependendo da familia e dos problemas que determinadas pessoas podem ter, são mais fáceis de serem manipuladas.
    O filme conta com um final quase que trágico em uma partida de pólo aquático onde o professor, quase que tardiamente, percebe que precisa por um ponto final em tudo aquilo.
    O Filme é bom e com certeza recomendado a todos em geral, pois fenômenos como massificação, fanatismo e intolerância são perigosos e quem sabe não estão aí positivos e operantes?

Prova de Filosofia da Uff 2010

1] (Questão 08 uff) Durante a maior parte da história da humanidade, o bem-estar e o interesse dos governantes têm predominado sobre o bem-estar e o interesse dos governados. Os gregos foram os primeiros a experimentar a democracia, isto é, regime político em que os cidadãos são livres e o governo é exercido pela coletividade para atender ao bem-estar e ao interesse de todos, e não só de alguns.
Aristóteles refletiu sobre essa experiência e concluiu que a finalidade da atividade política é
(A) evitar a injustiça e permitir aos cidadãos serem virtuosos e felizes.
(B) impor a todos um pensamento único para evitar a divisão da sociedade.
(C) preparar os cidadãos como bons combatentes para conquistarem outros povos.
(D) habituar os seres humanos a obedecer.
(E) agradar aos deuses.

2] (Questão 09 uff) O período do Renascimento foi muito fértil em reflexões políticas. Em contraste com o pragmatismo de Maquiavel, alguns pensadores, inconformados com os males de seu tempo, escreveram sobre sociedades imaginárias. As obras desses pensadores expunham análises realistas que denunciavam as imperfeições das sociedades, e continham propostas de sociedades ideais, baseadas na Razão e capazes de promover a paz, o conhecimento, a justiça e a igualdade em benefício de todos os seres humanos.
A obra mais representativa dessas novas propostas é
(A) O Discurso do Método, de René Descartes (1637).
(B) Leviatã, de Tomas Hobbes (1651).
(C) Sobre o Direito de Guerra e de Paz, de Hugo Grócio (1625).
(D) Diálogo sobre os Dois Grandes Sistemas do Mundo, de Galileu Galilei (1632).
(E) Utopia, de Tomas More (1516).

3] (Questão 10 uff) Desde a Idade Moderna, quase todas as sociedades enfrentaram o dilema de optar entre duas concepções distintas e opostas sobre o poder. Dois filósofos ingleses Thomas Hobbes e John Locke foram responsáveis por sintetizarem essas concepções. Segundo Thomas Hobbes, o ser humano em seu estado natural é selvagem e cada um é inimigo do outro; mas, quando o ser humano abre mão de sua própria liberdade e a autoridade plena do Estado é estabelecida, passam a predominar a ordem, a paz e a prosperidade. Para John Locke, o ser humano já é dotado em seu estado natural dos direitos de vida, liberdade e felicidade e, assim, a autoridade do Estado só é legítima quando reconhece e respeita esses direitos e, para que isso se concretize, é necessário limitar os poderes do Estado.
Assinale a alternativa que apresenta as duas concepções políticas associadas, respectivamente, a esses filósofos.
(A) Mercantilismo e Fisiocracia.
(B) Classicismo e Barroco.
(C) Absolutismo e Liberalismo.
(D) Subjetivismo e Objetivismo.
(E) Nacionalismo e Internacionalismo.

4] (Questão 14 uff) Na Idade Média, se considerava que o ser humano podia alcançar a verdade por meio da fé e também por meio da razão. Ao mesmo tempo, o poder religioso (Igreja) e o poder secular (Estado) mantinham relacionamento político tenso e difícil. O filósofo Tomás de Aquino desenvolveu uma concepção destinada a conciliar FÉ e RAZÃO, bem como IGREJA e ESTADO.
De acordo com as idéias desse filósofo,
(A) o Estado deve subordinar-se à Igreja.
(B) a Igreja e o Estado são mutuamente incompatíveis.
(C) a Igreja e o Estado devem fundir-se numa só entidade.
(D) a Igreja e o Estado são, em certa medida, conciliáveis.
(E) a Igreja deve subordinar-se ao Estado.

5] (Questão 44 uff) José Bonifácio de Andrada e Silva, homem público e cientista respeitado na Europa, desempenhou papel decisivo no processo de emancipação do Brasil. De ideias avançadas, defendeu a extinção do escravismo, a valorização da pequena e da média propriedade, o uso racional dos recursos naturais e a tese pioneira da preservação do meio ambiente. Ele achava que a finalidade última da ciência é contribuir para o bem da humanidade de modo racional e eficiente.
As ideias que influenciaram diretamente a formação intelectual e política de José Bonifácio estão contidas no
(A) Naturalismo.
(B) Iluminismo.
(C) Renascimento.
(D) Socialismo.
(E) Jacobinismo.

6] (Questão 50 uff) Segundo Platão, as opiniões dos seres humanos sobre a realidade são quase sempre equivocadas, ilusórias e, sobretudo, passageiras, já que eles mudam de opinião de acordo com as circunstâncias. Como agem baseados em opiniões, sua conduta resulta quase sempre em injustiça, desordem e insatisfação, ou seja, na imperfeição da sociedade.
Em seu livro A República, ele, então, idealizou uma sociedade capaz de alcançar a perfeição, desde que seu governo coubesse exclusivamente
(A) aos guerreiros, porque somente eles teriam força para obrigar todos a agirem corretamente.
(B) aos tiranos, porque somente eles unificariam a sociedade sob a mesma vontade.
(C) aos mais ricos, porque somente eles saberiam aplicar bem os recursos da sociedade.
(D) aos demagogos, porque somente eles convenceriam a maioria a agir de modo organizado.
(E) aos filósofos, porque somente eles disporiam de conhecimento verdadeiro e imutável.

7] (Questão 53 uff) Aristóteles afirmava que “se algum corpo está em movimento, é porque está sendo movido por alguma coisa”. Essa concepção predominou até a Revolução Científica dos séculos XVI e XVII, quando a questão do movimento foi o tema principal dos cientistas.
A concepção que contestou e substituiu a que era defendida por Aristóteles foi a de
(A) atomismo.
(B) inércia.
(C) heliocentrismo.
(D) preformismo.
(E) ímpeto.

8] (Questão 55 uff) De acordo com cientistas da Universidade de Chicago, o aperfeiçoamento cada vez maior dos computadores eletrônicos permite que essas máquinas, além das tarefas tradicionais de armazenar, processar e analisar dados, se tornem também capazes de descobrir padrões lógicos nos dados, chegando até a formular hipóteses explicativas, sem precisar da intervenção humana.
Essa possibilidade surpreendente da Inteligência Artificial está baseada em pesquisas iniciadas pelos filósofos gregos com o objetivo de
(A) estudar os processos mentais do pensamento lógico-racional.
(B) construir máquinas para facilitar a execução de tarefas.
(C) simular os métodos dos oráculos para prever acontecimentos.
(D) agilizar as operações comerciais.
(E) definir a conduta social mais adequada.

GABARITO:
1] (Questão 08 uff) - A
2] (Questão 09 uff) - E
3] (Questão 10 uff) - C
4] (Questão 14 uff) - D
5] (Questão 44 uff) - B
6] (Questão 50 uff) - E
7] (Questão 53 uff) - B
8] (Questão 55 uff) - A

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Existencialismo é um Humanismo

    O texto “O Existencialismo é um Humanismo”, foi escrito por Jean-Paul Sartre para explicar o existencialismo e defender-se de críticas feitas por leigos. Nele, Sartre afirma que a existência precede a essência. Isto significa que não há uma receita para se fazer um ser humano, que Deus não é um artífice superior que antes de criar o homem já tinha seu rascunho em mente. Ou seja, temos que partir da subjetividade. Não há uma essência igual em todas as pessoas, explica Sartre, uma natureza humana, portanto não há uma lista de regras estabelecidas antes de o ser humano existir; então, ele as tem que criar por si mesmo. Não pode existir nada a priori, para Sartre, já que ele não acredita em Deus, em uma consciência perfeita que pudesse conceituar as coisas.
    O homem, portanto, não é mais do que o que ele faz, do que o que Sartre chama de seu projeto. O projeto de cada um (suas escolhas) tem um valor universal, apesar de ser individual, e pode ser compreendido por todo homem. Assim, pode-se dizer que existe uma universalidade do homem, mas ela é construída por ele próprio, através de suas escolhas. As escolhas são inevitáveis. Para Sartre, o fato de não haver uma essência anterior à existência força os homens a serem livres: temos que inventar regras, valores, improvisar. Portanto, só o fato de alguém existir traz, obrigatoriamente, o fato de ele ser livre. A existência nos condena à liberdade. Devido à falta de valores predeterminados, estamos sós e sem desculpas. Por isso, ninguém pode se eximir da responsabilidade por seus atos e suas consequências. Cada um escolhe por si mesmo, através de seu próprio julgamento, baseando sua decisão no que achar melhor. Segundo Sartre, o homem é responsável por escolher para si e, com isso, para toda a humanidade, o que causa muita angústia. É desse compromisso de escolher que ele não pode escapar (se ele não escolhe nada, escolhe não escolher). O ser humano tem compromisso com seu futuro, com as outras pessoas, consigo mesmo. Sartre, que defendia que o existencialismo é uma doutrina da ação, dizia que ninguém deve se esquivar de nenhum compromisso, utilizando-se de desculpas, pois cabe a cada um fazer seu próprio destino. Quem tentar escapar à responsabilidade ou ao compromisso estava, na opinião de Sartre, agindo de má-fé.

Clique aqui para baixar o texto integral da obra de Sartre "O Existencialismo é um Humanismo".

domingo, 22 de agosto de 2010

Mestre Eckhart e o garoto nu

O pensamento ascético-místico de Mestre Eckhart
    Mestre Eckhart nascido em 1260 é um dos maiores expoentes da mística alemã. Sua indagação filosófica se dá no âmbito da relação do homem com o divino, da criatura com o Criador.
    No entanto, devida a grande valorização dos potenciais naturais do homem, a relação do homem com o divino se encontra em decadência, desgastada, desvaziada de sentido devido a predominância do nominalismo – as palavras já não colhem mais as realidades das coisas – e dos impetuosos rompimentos da grande síntese medieval entre razão e fé.
    É dentro desse contexto conturbado que Mestre Eckhart desenvolve a sua mística, uma busca do estreitamento da relação homem e divino através do desprendimento, pano de fundo de toda a sua produção filosófica.
    O desprendimento em Mestre Eckhart, a priori, é um meio sincero para o homem unir-se mais estreitamente a Deus. Para ele, o desprendimento está para além das virtudes.

O desprendimento
    O neologismo Abgeschiedenheit, alemão médio-alto abegescheidenheit, é um termo forjado por Mestre Eckhart para o perfeito repousar-em-si. Ao examinar melhor essa presença a si mesma, o homem se remete a um reconhecimento de si, um verdadeiro deixar-ser-si-mesmo sem nenhum tipo de acréscimo.
    Portanto, esse neologismo criado por Mestre Eckhart, Abegescheidenheit, comumente traduzido para o francês como détachement, quer dizer desprendimento. Então, o que se deve ser lido também através desse termo “é a maior liberdade possível – não uma liberdade de sentimento, mas essencialmente de vazio, de ‘sem vínculo’ real com qualquer outra coisa senão o que é – sendo ‘o que é’ o todo-originário sem nenhum tipo de acréscimo.”
    A própria questão de Deus em Mestre Eckhart está fundada no desprendimento, ou seja, na proposta de um homem desprendido até mesmo de Deus.
    O que está em evidência na filosofia eckhartiana não é um manual de como efetuar o vazio em si mesmo e ganhar sabe lá que insensibilidade universal, mas, essencialmente, “um movimento de ‘irrupção’ e de ‘retorno’ pelo qual o ser vem ao encontro de si mesmo tal como era desde sempre em Deus, antes que as criaturas existissem.”
    Portanto, o que pretende a filosofia eckhartiana através do seu desprendimento é sempre e de cada vez um retorno ao próprio de si, a liberdade.
    O homem desprendido é aquele que permanece perfeitamente imóvel em si mesmo, sem se deixar puxar para fora de si por nenhuma solicitação, por mais nobre que esta possa ser.

O sem-modo dos modos de ser
    Mestre Eckhart em seu O Livro da Divina Consolação propõe um poema intitulado: Mestre Eckhart e o Garoto nu. Nesse poema Eckhart apresenta o modo de ser mais profundo da sua mística: o sem modo, e através desse sem modo, ele vai reafirmar o desprendimento de toda e qualquer veste, ou seja, modos de ser, como meio de permanência em si mesmo ou, porque não dizer também, como caminho de retorno a si através da desapropriação daquilo que é impróprio ao homem.

Vai dizer assim o poema:

Mestre Eckhart deu com um lindo garoto nu.
Perguntou-lhe donde vinha.
«Venho de Deus», disse ele.
«E onde o deixaste?»
«Nos corações virtuosos».
«Para onde vais?»
«Para Deus!»
«Onde o encontras?»
«Onde larguei todas as criaturas».
«Quem és tu?»
«Sou um rei!»
«Onde está o teu reino?»
«No meu coração».
«Toma cuidado que ninguém o compartilhe contigo!»
«É o que faço».
Então o conduziu à sua cela e disse: «Toma a veste que queiras!»
«Deixaria de ser um rei».
E desapareceu.
Fora o próprio Deus que viera divertir-se com ele.

Interpretação do poema de Mestre Eckhart
    Neste poema Mestre Eckhart vem nos mostrar o quão é perigoso assumir qualquer veste, por mais nobre que essa possa vir a ser, e o garoto nu, uma vez que está no sem modo e, estar no sem modo é garantia que permite a ele transitar por todos os outros modos, ele, ao ser convocado a escolher uma veste, ou seja, assumir um modo de ser, ele responde prontamente que se assumisse essa veste, ele deixaria de ser rei, ou seja, ele perderia a sua garantia de transitar por todos os modos, ele perderia a sua majestade.
    Então, é na permanência em si e no esforço para não se atrair por qualquer convocação que o leve a lançar-se para fora de si que o homem alcança o que lhe é o próprio e este, por sua vez, lhe transparece em toda e qualquer ação que ele venha a realizar.
    O que estamos querendo dizer é que o próprio do homem é a liberdade, uma vez que o homem ao assumir outro modo que não seja o sem modo que é a liberdade, ele não agirá livremente, mas condicionado pelo modo que ele assumiu.
    Por exemplo: suponhamos que um homem decida viver segundo o amor. Este homem então, em todos os seus atos, se deixará guiar pelo amor. Contudo, essa atitude, por sua vez, irá mascarar o que é próprio de sua existência, a liberdade que ele é. No entanto, não estamos aqui querendo dizer que todos aqueles que agem pelo amor são escravos. Porém, o que estamos querendo demonstrar é que aquele que se encontra desprendido do amor, no sem modo de ser, ele conseguirá transitar facilmente pelo amor, pois esta atitude não lhe virá pela imposição da apropriação que fizera pelo amor, pelo fato de ele ter que ser em tudo o amor, mas sim, suas atitudes lhe viriam pela liberdade devinda do mais profundo desprendimento.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Filmes filosóficos

    Dentro do mercado cinematográfico existe uma gama muito grande de filmes de cunho filosófico – filmes que trazem de forma marcante em seu roteiro questões filosóficas. Muitos autores de livros destinados ao ensino da filosofia já perceberam o quanto que esses filmes podem contribuir para a reflexão filosófica. Tanto que grande parte desses autores já trazem em seus livros sugestões de filmes que abordam questões filosóficas.
    Para o professor, a utilização desses filmes é um caminho para dinamizar a aula e um meio de exemplificar a temática abordada.
    A filósofa Marilena Chauí, em seu livro Convite a Filosofia, nos propõe, logo nos capítulos iniciais, uma análise dos fatores filosóficos contidos no filme Matrix. Além desse, muitos outros filmes trazem também essa possibilidade de abordagem filosófica.
   Elencaremos então alguns desses filmes, juntamente com uma sinopse do mesmo.

A Vida de David Gale


    David Gale é um brilhante professor universitário de filosofia e ativista contra a pena de morte. Após o assassinato de sua amiga e colega de trabalho, Constance, Gale é acusado pelo crime e condenado à pena de morte. Às vésperas de sua morte, David pede a presença da repórter Bitsey Bloom para que ele lhe conceda uma entrevista exclusiva, onde finalmente contaria toda a verdade sobre o caso.
    Quanto mais Bitsey ouve a história de David, mais ela fica estarrecida. Porém, faltam apenas quatro dias para a execução do prisioneiro, e talvez a jornalista não tenha tempo de fazer nada para inocentá-lo.

A Sociedade dos Poetas Mortos


    A Sociedade dos Poetas Mortos é um filme estadunidense de 1989, do gênero drama, dirigido por Peter Weir.
    Conta a história de um professor de poesia nada ortodoxo, de nome John Keating, em uma escola preparatória para jovens, a Academia Welton, na qual predominavam valores tradicionais e conservadores. Esses valores traduziam-se em quatro grandes pilares: tradição, honra, disciplina e excelência.
    Com o seu talento e sabedoria, Keating inspira os seus alunos a perseguir as suas paixões individuais e tornar as suas vidas extraordinárias.
    O filme mostra também que em certa altura da vida, as pessoas, em especial os jovens, deveriam opor-se, contestar, gritar e sobretudo ser "livres pensadores", e não deixar que ninguém condicione a sua maneira de pensar, mas também ensina esses mesmos jovens a usarem o bom-senso.
    Repleta de citações de grandes nomes da literatura de língua inglesa, como Henry David Thoreau, Walt Whitman e Byron, e de belas imagens metafóricas, Sociedade dos Poetas Mortos deixa uma profunda mensagem de vida sintetizada na expressão latina Carpe diem ("aproveite o dia"), cujo sentido é: aproveite, goze a vida, ela dura pouco, é muito breve. Uma das fontes originais do roteiro é certamente O Despertar da Primavera de Frank Wedekind, que enfoca jovens vivendo numa escola alemã no final do século XIX.
    No entanto, ainda que tentando seguir a máxima latina de Carpe Diem, uma tragédia acaba por se abater sobre todos eles. Metaforicamente, um dos personagens principais, Neil Perry, é constantemente impedido de fazer o que deseja da sua vida (representar numa peça de teatro ou escrever num jornal, por exemplo) devido aos projetos que o seu pai tem para ele.

O Show de Truman – O Show da Vida





















    O Show de Truman, O Show da Vida é um filme de drama dos Estados Unidos, dirigido por Peter Weir.
    Truman Burbank (Jim Carrey) é um homem comum da cidade de Seahaven, que vive com sua esposa Meryl (Laura Linney) numa casa no subúrbio, e ganha a vida vendendo seguros. Possui uma mãe ainda viva (seu pai havia morrido numa tempestade), amigos (com destaque para Marlon, interpretado por Noah Emmerich) e uma vida aparentemente normal.
    Truman entretanto não sabe que toda a sua vida se trata de um reality show criado e comandado por Christof (Ed Harris), produzido em um gigantesco estúdio que até pode ser visto do Espaço. Mas Truman começa a desconfiar de que existe algo estranho quando este dirige seu carro, e seu rádio sintoniza uma frequência que narra exatamente o que ele faz no momento; ou quando Truman vai entrar no elevador, mas observa um fundo de cenário com pessoas ao invés do elevador que deveria estar lá. Truman (que sempre quis viajar pelo mundo) começa a perceber que realmente existe algo errado quando tenta viajar de ônibus, mas este enguiça antes de sair do lugar, e quando Truman sai com seu carro e tenta viajar pelas estradas, mas se depara com um estranho vazamento da usina nuclear da cidade, que o obriga a voltar para casa à força. Em casa Truman quase agride Meryl, que grita "Façam alguma coisa!", e Truman não entende pra quem ela teria gritado. A partir daí as coisas começam a se esclarecer para ele.
    Paralelamente, do lado de fora do show, Sylvia (Natascha McElhone), que fora uma coadjuvante do show a anos e por quem Truman havia se apaixonado, luta para que ele descubra toda a verdade. Sylvia (que se chamava Lauren no programa) havia tentado contar a Truman toda a verdade sobre sua vida, mas foi retirada do show sem conseguir. E atualmente ela luta contra Christof pelo cancelamento do programa, para que Truman perceba todas as mentiras e verdades que rodeiam seu mundo.

O Mundo de Sofia




















   
    O Mundo de Sofia (Sofies verden em norueguês) é um romance escrito por Jostein Gaarder, publicado em 1991. O livro foi escrito originalmente em norueguês, mas já foi traduzido para mais de 50 línguas, teve sua primeira edição em português em 1995, que atualmente se encontra em sua 70ª reimpressão. Somente na Alemanha foram vendidos 3 milhões de cópias.
    O livro funciona tanto como romance, como um guia básico de filosofia. Também tem temas conservacionistas e a favor da ONU. Em 1999, foi adaptada para um filme norueguês; entretanto, não foi largamente publicado fora da Noruega. Esse filme também foi apresentado como uma minissérie na Austrália, se não em outros lugares. Recentemente, em 2008 essa versão cinematográfica do livro foi lançado no Brasil oficialmente em DVD.
    Às vésperas de seu aniversário de quinze anos, Sofia Amundsen começa a receber bilhetes e cartões postais bastante estranhos. Os bilhetes são anônimos e perguntam a Sofia quem é ela e de onde vem o mundo em que vivemos. Os postais foram mandados do Líbano, por um major desconhecido, para uma tal de Hilde Knag, jovem que Sofia igualmente desconhece.
    O mistério dos bilhetes e dos postais é o ponto de partida deste fascinante romance, que vem conquistando milhões de leitores em todos os países em que foi lançado. De capítulo em capítulo, de "lição" em "lição", o leitor é convidado a trilhar toda a história da filosofia ocidental - dos pré-socráticos aos pós-modernos -, ao mesmo tempo em que se vê envolvido por um intrigante thriller que toma um rumo surpreendente.

Matrix





















    Matrix é uma produção cinematográfica norte-americana e australiana de 1999, dos gêneros ação e ficção científica, dirigido pelos irmãos Wachowski e protagonizado por Keanu Reeves e Laurence Fishburne.
    Matrix foi escrito como uma trilogia (Matrix, Matrix Reloaded, Matrix Revolutions), ambos os filmes viraram sucesso de bilheteria. Os fãs do estilo cyberpunk consideram a trilogia inteira uma obra prima. Matrix é uma obra de arte multimídia, a história inteira do universo Matrix está presente nos 3 filmes, em 9 desenhos animados, chamados Animatrix (o primeiro desenho conta uma história que se passa entre o primeiro e o segundo filme da trilogia), em histórias em quadrinhos (lançadas apenas nos Estados Unidos) e no jogo Enter the Matrix (que completa a história do filme Matrix Reloaded).
    Dentro da saga, Neo (o protagonista do filme) atinge o status de Escolhido, no sentido messiânico da palavra, ao ressuscitar e conseguir, dentro da própria Matrix, controlar o programa e derrotar os mecanismos antivírus, personalizados por agentes vestidos de terno e óculos escuros. Do ponto de vista do programa, os humanos livres e/ou pensantes são os vírus do planeta Terra.
    O filme é notório por suas inovações em efeitos especiais e na ação terem acabado por criar diversos clichês no cinema, como as imagens de projéteis se deslocando dentre ondas em câmera lenta. Mas seu verdadeiro valor é filosófico, ao explorar o tema da realidade confrontada à ilusão do cotidiano.
    O filme é repleto de mensagens sutis, dentre as quais a de que a máquina jamais controlará o homem, pois seu "comportamento" é baseado em programas e programas podem ser entendidos pela complexa mente humana que transcende a simples racionalidade da lógica ao constituir o ser integralmente. Por isso as mensagens do Oráculo, uma senhora que cozinha biscoitos, são aparentemente equivocadas e ilógicas, mas ao final condizem com a realidade.

Tirinhas do Calvin

    Demasiadas charges e tirinhas têm um caráter filosófico bastante acentuado, outras, simplesmente, nada têm. Dentre as tirinhas do Calvin – de Bill Watterson –, encontramos muitas dessas tirinhas filosóficas. Nesta postagem quero trazer duas delas.
    O que é legal de se ver nestas tirinhas é a transparência com que uma criança mostra aquilo que há de mais ontológico dentro de si mesma: a sua capacidade de buscar, de se admirar e principalmente de questionar a realidade.
    Na introdução da obra Mundo de Sofia, o autor Jostein Gaarder, diz que “a capacidade de nos surpreendermos é a única coisa que precisamos para nos tornarmos bons filósofos (...). E agora tens que te decidir, Sofia: és uma criança que ainda não se habituou ao mundo? Ou és uma filósofa que pode jurar que isso nunca lhe acontecerá?... Não quero que tu pertenças à categoria dos apáticos e dos indiferentes. Quero que vivas tua vida de forma consciente”.



O que é o cosmo?

    O significado do termo kosmos para os gregos desse período liga-se diretamente às ideias de ordem, harmonia e mesmo beleza (já que a beleza resulta da harmonia das formas: daí, aliás, o nosso termo “cosmético”). O cosmo é assim o mundo natural, bem como o espaço celeste, enquanto realidade ordenada de acordo com certos princípios racionais. A ideia básica de cosmo é, portanto, a de uma ordenação racional, uma ordem hierárquica, em que certos elementos são mais básicos, o que se constitui de forma determinada, tendo a causalidade como lei fundamental. O cosmo, entendido assim como ordem, opõe-se ao caos, que seria precisamente a falta de ordem, o estado da matéria anterior à sua organização. É importante notar que a ordem do cosmo é uma ordem racional, “razão” significando aí exatamente a existência de princípios e leis que regem, organizam essa realidade. É a racionalidade deste mundo que o torna compreensível, por sua vez, ao entendimento humano. É porque há na concepção grega o pressuposto de uma correspondência entre a razão humana e a racionalidade do real – o cosmo – que este real pode ser compreendido, pode-se fazer ciência, isto é, pode-se tentar explicá-lo teoricamente. Daí se origina o termo “cosmologia”, como explicação dos processos e fenômenos naturais e como teoria geral sobre a natureza e o funcionamento do universo.


Texto tirado do livro de iniciação à filosofia de Danilo Marcondes.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Vestibular da UERJ / 2011 – 1ª Fase

Ciências Humanas e suas Tecnologias
Orientação Geral
    A área de “Ciências Humanas e suas Tecnologias” inclui os conteúdos das disciplinas de Geografia, História, Sociologia e Filosofia, dialogando com as demais áreas das Ciências Sociais. Aplica-se a perspectiva interdisciplinar na identificação e análise dos fenômenos sociais, por meio da articulação entre experiências históricas, conceitos e dinâmicas culturais de forma contextualizada, ressaltando-se suas especificidades.
    A abordagem ancora-se em três eixos interdisciplinares – sociedade e natureza, política e cultura, trabalho e tecnologia – e busca integrar o contexto brasileiro ao mundial, respeitando as particularidades locais e regionais e privilegiando processos históricos situados entre meados do século XVIII e a atualidade.
    A partir da utilização de diferentes fontes teóricas e de registros e documentos variados – textos, imagens, gráficos, tabelas e mapas –, procura-se avaliar o domínio dos conhecimentos exigidos associado à capacidade de observar, interpretar, relacionar, analisar e criticar, como sujeito, a historicidade de fenômenos sociais e culturais.
    O enfoque teórico-metodológico da avaliação interdisciplinar privilegia estratégias diversificadas que valorizam, e permitem verificar, a autonomia intelectual, as habilidades e competências na produção do conhecimento, além do desenvolvimento da criatividade.

sábado, 8 de maio de 2010

O conceito de Justiça em Platão

      A filosofia em Platão segue uma orientação ética: ensina o homem a desprezar os prazeres, as riquezas e as honras. A finalidade do homem em Platão é procurar transcender a realidade, procurar um bem superior em relação àquele que perdeu. Para se atingir este bem o homem necessita viver numa "cidade perfeita" – A República: a Callipolis. O homem mais feliz é o justo; bem mais do que o injusto num mar de delícias.
      Não só em A República, como também na obra Fédon, Platão vai ensinar que para se conseguir a felicidade deve-se renunciar aos prazeres e as riquezas e dedicar-se à prática da virtude. O que vemos aqui é que em Platão os conceitos de felicidade e justiça caminham juntos. Podemos definir felicidade da seguinte maneira: seguir sua própria natureza; e a definição de justiça se dá da seguinte forma: fazer aquilo que é próprio de cada um. Este paralelo traçado entre os dois conceitos se concretiza dentro de A República ao estruturar sua cidade utópica.
      A grande problemática com o qual Platão inicia A República é falando sobre a justiça, Sócrates (personagem principal do diálogo) realiza sua fala buscando uma definição para justiça ou para o justo. Qual dessas atitudes cabe melhor ao cidadão: o justo ou o injusto, que tem vida melhor? Como já falamos a conclusão que cabe melhor é a da vida ao justo; para chegar a esta conclusão, Glauco conta a lenda do Anel de Giges. Um homem através do poder do anel poderia adquirir quase tudo o que desejasse, mas não possui o sentimento de justiça e vive com desculpas inúteis tentando sustentar uma situação que não é própria dele.
      A república platônica prevê um estado que não se trata de uma forma de governo aristocrata ou um governo eleito pela maioria. A forma de governo ideal seria aquela onde o poder é confiado aos mais inteligentes, aos filósofos, portanto temos uma sofocracia. Como Platão mesmo afirma "é preciso que os filósofos se tornem reis, ou que os reis se tornem filósofos". Aonde chegar com toda esta discussão. Se Platão afirma que a justiça é a base para todas as virtudes, o sábio é uma pessoa virtuosa, logo o sábio deve por excelência ser alguém justo. Voltando a questão das virtudes, vale lembrar que a alma humana possuí três virtudes: a temperança, a coragem e a sabedoria, sendo a justiça a base dessas três virtudes que seguindo a mesma linha constituirá três almas: a apetitiva, a irascível e racional que culmina numa distribuição harmônica de atividade na alma conforme a razão constituiria seguindo a virtude fundamental: a justiça. Este último argumento é o ponto central de ligação entre os conceitos de sabedoria e justiça.
      O conceito de dar a cada um aquilo que lhe é próprio assume uma postura central dentro da organização da república platônica. Existe baseado nesta teoria um sistema educacional a fim de orientar cada um segundo suas aptidões. Os que possuem sensibilidade grosseira devem-se dedicar à agricultura, a produção, ao artesanato e ao comércio; cuidando da subsistência da cidade. Os que possuidores da coragem constituem a guarda, a defesa da cidade, estes são os guerreiros. A última classe aponta é dedicada para aqueles que estudam a filosofia, disciplina que eleva a alma, afim de atingir o conhecimento mais puro e é a fonte de toda a verdade, a estes caberiam a administração da cidade. Portanto dentro desta visão fica claro que a atitude do justo é de estar trabalhando dentro de suas aptidões. Para se formar um estado justo é necessário antes de tudo, que seus cidadãos sejam justos. Jamais poderia se conceber um estado justo com pessoas injustas ou seu contrário. A formação da população vai determinar como será o estado. Assim se entende toda a estrutura educacional do estado platônico – cada um deve ser direcionado segundo suas aptidões, desenvolvendo as virtudes que lhe são próprias e adequadas para aquilo que estão desenvolvimento.
      Em Platão não encontramos uma definição fechada de justiça. Ele procura trabalhar o conceito de justiça envolvendo todo o comportamento do ser humano, portanto podemos dizer que o a definição de justiça em Platão assume um caráter antropológico. Ele analisa como seria o comportamento do homem justo e do homem injusto para se chegar a descrever suas virtudes, e a tipologia das almas, afim de determinar uma postura ética que direciona o homem para a conquista da sua felicidade dentro de suas aptidões constituindo por fim um estado justo e perfeito – A República.
Por Albio Fabian Melchioretto
REFERÊNCIA

PLATÃO, A República. Bauru: EDIPRO, 1994.
__________. Fedon. Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 2002.

Mito da Caverna

SÓCRATES - Figura-te agora o estado da natureza humana, em relação à ciência e à ignorância, sob a forma alegórica que passo a fazer. Imagina os homens encerrados em morada subterrânea e cavernosa que dá entrada livre à luz em toda extensão. Aí, desde a infância, têm os homens o pescoço e as pernas presos de modo que permanecem imóveis e só vêem os objetos que lhes estão diante. Presos pelas cadeias, não podem voltar o rosto. Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo e os cativos imagina um caminho escarpado, ao longo do qual um pequeno muro parecido com os tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e os espectadores para ocultar-lhes as molas dos bonecos maravilhosos que lhes exibem.
GLAUCO - Imagino tudo isso.
SÓCRATES - Supõe ainda homens que passam ao longo deste muro, com figuras e objetos que se elevam acima dele, figuras de homens e animais de toda a espécie, talhados em pedra ou madeira. Entre os que carregam tais objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam em silêncio.
GLAUCO - Similar quadro e não menos singulares cativos!
SÓCRATES - Pois são nossa imagem perfeita. Mas, dize-me: assim colocados, poderão ver de si mesmos e de seus companheiros algo mais que as sombras projetadas, à claridade do fogo, na parede que lhes fica fronteira?
GLAUCO - Não, uma vez que são forçados a ter imóveis a cabeça durante toda a vida.
SÓCRATES - E dos objetos que lhes ficam por detrás, poderão ver outra coisa que não as sombras?
GLAUCO - Não.
SÓCRATES - Ora, supondo-se que pudessem conversar, não te parece que, ao falar das sombras que vêem, lhes dariam os nomes que elas representam?
GLAUCO - Sem dúvida.
SÓCRATES - E, se, no fundo da caverna, um eco lhes repetisse as palavras dos que passam, não julgariam certo que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos?
GLAUCO - Claro que sim.
SÓCRATES - Em suma, não creriam que houvesse nada de real e verdadeiro fora das figuras que desfilaram.
GLAUCO - Necessariamente.
SÓCRATES - Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja sombra antes via.
Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto fantasmas, porém que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam ante os olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados?
GLAUCO - Sem dúvida nenhuma.
SÓCRATES - Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os olhos doloridos para as sombras que poderia ver sem dor? Não as consideraria realmente mais visíveis que os objetos ora mostrados?
GLAUCO - Certamente.
SÓCRATES - Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir pelo caminho áspero e escarpado, para só o liberar quando estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria gritos lamentosos e brados de cólera? Chegando à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe ia possível discernir os objetos que o comum dos homens tem por serem reais?
GLAUCO - A princípio nada veria.
SÓCRATES - Precisaria de algum tempo para se afazer à claridade da região superior. Primeiramente, só discerniria bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos para a lua e as estrelas, contemplaria mais facilmente os astros da noite que o pleno resplendor do dia.
GLAUCO - Não há dúvida.
SÓCRATES - Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em estado de ver o próprio sol, primeiro refletido na água e nos outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu próprio lugar, tal qual é.
GLAUCO - Fora de dúvida.
SÓCRATES - Refletindo depois sobre a natureza deste astro, compreenderia que é o que produz as estações e o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo modo, a causa de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna.
GLAUCO - É claro que gradualmente chegaria a todas essas conclusões.
SÓCRATES - Recordando-se então de sua primeira morada, de seus companheiros de escravidão e da ideia que lá se tinha da sabedoria, não se daria os parabéns pela mudança sofrida, lamentando ao mesmo tempo a sorte dos que lá ficaram?
GLAUCO - Evidentemente.
SÓCRATES - Se na caverna houvesse elogios, honras e recompensas para quem melhor e mais prontamente distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com mais precisão dos que precediam, seguiam ou marchavam juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em lhes predizer a aparição, cuidas que o homem de que falamos tivesse inveja dos que no cativeiro eram os mais poderosos e honrados? Não preferiria mil vezes, como o herói de Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo no mundo a voltar às primeiras ilusões e viver a vida que antes vivia?
GLAUCO - Não há dúvida de que suportaria toda a espécie de sofrimentos de preferência a viver da maneira antiga.
SÓCRATES - Atenção ainda para este ponto. Supõe que nosso homem volte ainda para a caverna e vá assentar-se em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz à obscuridade, não lhe ficariam os olhos como submersos em trevas?
GLAUCO - Certamente.
SÓCRATES - Se, enquanto tivesse a vista confusa - porque bastante tempo se passaria antes que os olhos se afizessem de novo à obscuridade - tivesse ele de dar opinião sobre as sombras e a este respeito entrasse em discussão com os companheiros ainda presos em cadeias, não é certo que os faria rir? Não lhe diriam que, por ter subido à região superior, cegara, que não valera a pena o esforço, e que assim, se alguém quisesse fazer com eles o mesmo e dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e morto?
GLAUCO - Por certo que o fariam.
SÓCRATES - Pois agora, meu caro Glauco, é só aplicar com toda a exatidão esta imagem da caverna a tudo o que antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à região superior e a contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo inteligível está a ideia do bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas que, conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e públicos.

Extraído de "A República" de Platão, Livro VII. 6° ed. Ed. Atena, 1956, p. 287-291.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Heráclito de Éfeso

Heráclito de Éfeso

        Heráclito era de Éfeso, cidade da mesma faixa costeira de Mileto, cujo apogeu se deu no século VI a.C. Ele é conhecido por duas ideias em particular e que tiveram grandes influências.
        A primeira é a unidade dos opostos. Heráclito mostrou que o caminho de subida e o caminho de descida de uma montanha não são dois caminhos diferentes indo em direções opostas, mas um e o mesmo caminho. O jovem Heráclito e o Heráclito idoso não são dois indivíduos diferentes, mas o mesmo Heráclito. Se seu companheiro de bar diz que sua garrafa de vinho está meio cheio e você diz que está meio vazia, você não o está contradizendo, mas concordando com ele. Tudo (pensava Heráclito) é uma reunião de opostos ou, pelo menos, de tendências opostas.
        Isso significa que a luta e a contradição não devem ser evitadas. De fato, foram elas que se juntaram para formar o mundo. Se eliminássemos a contradição, elimináramos a realidade. Mas isso, por sua vez, significa que a realidade é inerentemente instável. Tudo está em fluxo o tempo todo. E esta é a segunda idéia que ficou para sempre associada a Heráclito: “Tudo flui”.
        Nada neste nosso mundo é permanentemente. Tudo está mudado o tempo todo. As coisas vêm a existir em seus modos diferentes e nunca serão as mesmas em dois momentos seguidos enquanto existirem, até finalmente deixarem de existir de novo. Nós mesmos somos assim. Tudo no universo é assim – talvez o universo mesmo seja assim. O que concebemos como “coisas” não são realmente objetos estáveis, pois estão em perpétua transição. A esse respeito Heráclito comparava-as a uma chama: a chama parece ser um objeto. É uma ideia profunda, mas também desconcertante. Os seres humanos sempre tentaram achar algo em que acreditar, algo confiável que durasse e não se extinguisse. E Heráclito está nos dizendo que não existe nada assim. A mudança é a lei da vida e do universo. Ela manda em tudo. Nunca escaparemos dela.

Fragmentos de Heráclito:
“Tudo se faz por contraste, da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia.”
“Não devemos fazer conjecturas apressadas sobre as coisas mais elevadas.”
“Descemos e não descemos para dentro dos mesmos rios; somos e não somos.”
“O fogo se transforma em todas as coisas e todas as coisas se transformam em fogo, assim como se trocam mercadorias por ouro e ouro por mercadorias.”
“Homens que amam a sabedoria precisam ter muitos conhecimentos.”
“Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. Dispersa-se e se junta novamente, aproxima-se e se distancia.”

Tales de Mileto

Tales de Mileto

        Já vimos que Tales é considerado o primeiro filósofo e que para ele a arché (princípio originador de todas as coisas) seria a água. Tales observou que os campos ficavam fecundos após serem inundados pelo Nilo. Tales então viu que o calor necessita de água, que o morto resseca, que a natureza é úmida, que os germens são úmidos, que os alimentos contêm seiva, e concluiu que o princípio de tudo era a água. É preciso observar que Tales não considerava a arché água como nosso pensamento de água líquida, e sim, na água em todos os seus estados físicos. Tudo, então, seria a alteração dos diferentes graus desta.

"A Filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário determo-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida (estado latente, prestes a se transformar), está contido o pensamento: “Tudo é Um”. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e o mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego".

NIETZSCHE, Friedrich. A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Questões de Lógica...

O que é Lógica?

A lógica tem como significado: pensamentos, ideias, argumentos, relatos, razão lógica ou princípios lógicos, é uma ciência de índole matemática e fortemente ligada à Filosofia.

Você já estudou lógica? Então confira o texto abaixo e reflita.

Existem biscoitos feitos de água e sal.
O mar é feito de água e sal.
Logo, o mar é um biscoitão.

Quanto mais comemos, mais defecamos;
Quanto mais defecamos, mais emagrecemos;
Logo: quanto mais se come mais se emagrece.

Quando bebemos, ficamos bêbados.
Quando estamos bêbados, dormimos.
Quando dormimos, não cometemos pecados.
Quando não cometemos pecados, vamos para o Céu.
Então, vamos beber para ir pro Céu!

Sabe-se que as baratas sobreviveriam a uma guerra nuclear.
A esperança é última que morre.
Logo, a barata é o símbolo da esperança!

Hoje em dia, os trabalhadores não têm tempo pra nada.
Já os vagabundos têm todo tempo do mundo.
Tempo é dinheiro.
Logo, os vagabundos ganharão mais dinheiro do que os trabalhadores.

As mulheres dizem que homem não presta.
A mãe do Leonardo di Caprio declarou que seu filho é um garoto muito prestativo.
Logo, Leonardo di Caprio não é homem.

As pessoas que querem emagrecer fazem dietas.
As dietas recomendam o consumo de verduras e peixe.
Ora, elefantes comem verduras e baleias comem peixe.
Assim, quem faz dieta engorda!

“Deus ajuda quem cedo madruga”.
Quem cedo madruga, dorme à tarde…
Quem dorme à tarde, não dorme à noite…
Quem não dorme à noite, sai na balada!
Conclusão: Deus ajuda quem sai na balada!

Deus é amor.
O amor é cego.
Steve Wonder é cego.
Logo, Steve Wonder é Deus.

Disseram-me que eu sou ninguém.
Ninguém é perfeito.
Logo, eu sou perfeito.

Mas só Deus é perfeito.
Portanto, eu sou Deus.
Se Steve Wonder é Deus, eu sou Steve Wonder!
Meu Deus, eu sou cego!

Toda regra tem exceção.
Isto é uma regra.
Logo, deveria ter exceção.
Portanto, nem toda regra tem exceção.

Imagine um pedaço de queijo suíço, daqueles bem cheios de buracos. Quanto mais queijo, mais buracos. Cada buraco ocupa o lugar em que haveria queijo. Assim, quanto mais buracos, menos queijo. Quanto mais queijos mais buracos, e quanto mais buracos, menos queijo. Logo, quanto mais queijo, menos queijo!

O bicho-papão muda de cor.
O bicho-papão anda para trás.
O bicho-papão come criancinhas.
O bicho-papão é Michael Jackson!

Quem trabalha muito, erra muito.
Quem trabalha pouco, erra pouco.
Quem não trabalha não erra.
E quem não erra… é promovido!

E, para finalizar, a melhor de todas:

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A história da filosofia.

        A história da filosofia é normalmente dividida em três grandes períodos históricos: a Filosofia Antiga (do século VII a.C. até o século III d.C.), a Filosofia Medieval (do século IV a.C. ao século XVI a.C.) e a Filosofia Moderna (do século XVII a.C. aos nossos dias). Naturalmente, essa é uma divisão um tanto arbitrária, e não pode ser considerada à prova de erros.

CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA ANTIGA
        A filosofia antiga é usualmente dividida em quatro períodos: o período dos Pré-Socráticos, o período de Platão e Aristóteles, o período Pós-Aristotélico (ou Helenístico) e, às vezes, é também considerado um período que inclui os filósofos Neoplatônicos e os primeiros filósofos cristãos. Os filósofos antigos mais importantes (em termos de sua influência) são Platão e Aristóteles.
        Os temas da filosofia antiga são: o entendimento das causas e princípios fundamentais do universo; a explicação disso em uma forma única e uniforme; o problema epistemológico da reconciliação entre a diversidade e a mudança no universo natural, com a possibilidade de obter conhecimento fixo e certo sobre a pluralidade e a transformação; questões sobre as coisas que não podem ser percebidas pelos sentidos, como números, elementos, universais e deuses; a análise dos padrões de argumentação; a natureza da boa vida e a importância do saber e do conhecimento para possuí-la; a explicação do conceito de justiça e sua relação com os variados sistemas políticos.
       
CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA MEDIEVAL
        A filosofia medieval é a filosofia da Europa Ocidental e do Oriente Médio durante o que é conhecido como Idade Média, entendida como o período entre a queda do Império Romano até o Renascimento. A filosofia medieval é definida parcialmente pela redescoberta e posterior desenvolvimento da filosofia grega e helenística, e parcialmente pela necessidade de responder a problemas teológicos e de integras as doutrinas sagradas (no Judaísmo, no Islamismo e no Cristianismo) com o ensino secular.
        Auns problemas discutidos nesse período são a relação entre a fé e a razão; a existência e a unidade de Deus; o objeto da teologia e da metafísica; os problemas do conhecimento; a existência dos universais; e a questão da individuação.
        Filósofos medievais incluem: os filósofos judeus Maimônides e Gersônides; os filósofos muçulmanos Alfarabi, Avicena e Averróis; e os filósofos cristãos Agostinho, Anselmo, Abelardo, Roger Bacon, Tomás de Aquino, Duns Scotus, William de Ockham e Jean Buridan.
      
CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA MODERNA
        A filosofia moderna pode ser dividida entre três grandes períodos: a filosofia dos séculos XVII a XVIII, a filosofia do século XIX e a filosofia contemporânea (do início do século XX até hoje).
        A filosofia moderna inicia com o reavivamento do ceticismo e o surgimento da moderna ciência física. A filosofia neste período é centrada nos problemas a respeito: da relação entre a experiência e a realidade; da origem última do conhecimento; da natureza da mente e de sua relação com o corpo; das implicações das novas ciências naturais para o livre arbítrio e Deus; e da necessidade da emergência de uma base secular para a moral e para a filosofia política.
        Figuras importantes incluem da filosofia moderna do século XVII e XVIII incluem: Montaigne, Bacon, Hobbes, Descartes, Locke, Spinoza, Leibiniz, Berkeley, Hume e Kant.
        A filosofia moderna posterior é usualmente considerada como tendo iniciado após a filosofia de Kant no início do século XIX. Os Idealistas Alemães, como Fichte, Hegel e Schelling, expandiram o trabalho de Kant sustentando que o mundo é inteiramente conhecível porque é constituído por um processo racional.
        Rejeitando o idealismo, outros filósofos, muitos trabalhando fora da universidade, iniciaram linhas de pensamento que entraram na filosofia acadêmica do início do século XX: Peirce e William James iniciaram a escola do Pragmatismo; Husserl iniciou a escola da Fenomenologia; Kierkegaard e Nietzsche iniciaram o Existencialismo; Frege iniciou a Filosofia Analítica.

CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
        No século XX, a filosofia veio a se tornar uma atividade praticada principalmente dentro da universidade, transformando-se em uma atividade mais especializada e totalmente separada das ciências naturais.
        No mundo anglófono, a Filosofia Analítica tornou-se a escola dominante. Na primeira metade do século, era uma escola coesa, mais ou menos idêntica ao Positivismo Lógico, unida pela noção de que os problemas filosóficos poderiam e deveriam ser resolvidos pela atenção à lógica e à linguagem. Na segunda metade do século XX, a Filosofia Analítica se dividiu em uma variedade de visões filosóficas, apenas unidas fragilmente pelas linhas de influência histórica e um compromisso com a clareza e o rigor. Desde os anos 1960, a Filosofia Analítica tem mostrado um interesse renovado pela história da filosofia, assim como uma tentativa de integrar o trabalho filosófico com resultados científicos, especialmente da psicologia e das ciências cognitivas.
        Na Europa Continental, nenhuma escola filosófica específica dominou. A partida dos Positivistas Lógicos da Europa Central para os Estados Unidos, durante os anos 1930 e 1940, contudo, diminuiu o interesse filosófico pela ciência natural, e a ênfase nas humanidades. Movimentos importantes foram a Fenomenologia, o Existencialismo, a Hermenêutica e o Estruturalismo.

A todos, força sempre.
Até a próxima.

Filosofia, uma introdução.

        Dois filósofos gregos, Platão e Aristóteles, indicaram com exatidão a experiência que, segundo eles, dá origem ao pensar filosófico. É aquilo que os gregos chamaram “thauma” (espanto, perplexidade, admiração).
        A filosofia começa, então, quando algo desperta nossa admiração (que é isso? por que é assim? como é possível que seja assim?), interroga-nos insistentemente, exige uma explicação.
        A filosofia grega parece ter surgido quando, por uma série de fatores complexos, as respostas dadas pelo mito e certas questões não satisfizeram mais a certas mentes particularmente exigente de um povo particularmente curioso e passível de se espantar – e as questões continuam assim: a exigir uma resposta que fosse além das convencionais.
        Os problemas filosóficos são aqueles relativos aos conceitos utilizados por nós, noções que geralmente passam desapercebidas, a respeito das quais não nos preocupamos, ideias que não analisamos.
        Portanto, o objeto da filosofia é o conceito, é a noção, é a ideia. Quer sejam conceitos, noções e ideias do nosso dia-a-dia, quer sejam parte de domínios específicos do conhecimento.
        O método da filosofia também não é semelhante ao método das ciências físicas ou das ciências humanas. O trabalho sobre os conceitos acontece por meio do diálogo, da polêmica, da discussão – seja com filósofos amigos, por meio de conversas pessoais ou de diálogos de artigos, seja com a obra textual de filósofos que não conhecemos pessoalmente.
        Portanto, o objeto da filosofia é o conceito e o seu método é o argumentativo.
        A filosofia tem como objetivo alcançar a verdade acerca das noções, dos conceitos e das idéias mais fundamentais. Mas a verdade não é, necessariamente, absoluta. A verdade é provisória. A verdade é a melhor resposta que se tem atualmente. Isso não faz a verdade ser relativa; a verdade é uma conseqüência necessária da melhor argumentação possível hoje.
        Por isso, é melhor estudar filosofia do que não estudar. Ter a certeza de chegar a uma verdade válida, ainda que provisória, é melhor do que não chegar à verdade e viver cheio de opiniões frágeis fundamentadas em preconceitos. Viver com uma verdade provisória, aberta à discussão, é melhor do que viver sem verdade alguma, achando que se tem todas as verdades do mundo.
        A filosofia não é, portanto, mera opinião. Não é, também, qualquer argumentação. É a busca pela melhor argumentação, é o contrário da opinião – isso quer dizer que o filósofo não é uma pessoa cheia de opiniões sobre tudo, mas uma pessoa que investiga ideias e noções, utilizando uma técnica (lógica e argumentativa) para estudá-las.
        Por esse motivo é importante o estudo da lógica e da técnica argumentativa. Você, aluno, deve saber utilizar os argumentos com propriedade na construção de ensaios sobre temas filosóficos. Afinal, a primeira função do estudo da filosofia é tornar os estudantes capazes de filosofar com alguma competência.
        A todos, força sempre.
        Até a próxima.